segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

5 C's que considero necessários para o quadrinho nacional de super-heróis dar certo

Desde que pensei em desenhar quadrinhos, dois anos e pouco atrás, passei a observar e mesmo estudar o cenário e o mercado de quadrinhos de super-heróis, que é o nicho onde me insiro. Esse estudo tem, claro, um olhar particular sobre o mercado no Brasil. E minha conclusão até aqui sobre o meio nacional é de que há um potencial imenso a ser explorado e este é o momento pra isso, mas algumas coisas precisam ser observadas se quisermos transformar a paixão de alguns aficionados em um mercado profissional.

Heróis nos temos, falta a heróica tarefa de criar um mercado pra eles.
Arte de Lancelott Martins com alguns dos muitos super-heróis que temos no Brasil.

É com base nessas impressões que pensei nos 5 C's que considero necessários para criarmos um mercado profissional de super-heróis no Brasil.

Crônica
Continuidade
Constância
Competitividade
Competição

Para não fazer um texto longo demais, neste post falarei somente do primeiro C - Crônica. Em textos seguintes irei desenvolver cada um dos outros.

Primeiramente, o que é que eu chamo de Crônica de Super-heróis

A crônica à qual me refiro aqui não é o gênero literário de Ruben Braga, mas aquilo que se convencionou chamar de crônica, que são os comentários sobre uma determinada área, um determinado segmento, analisando e repercutindo fatos e curiosidades em midias diversas, caso da crônica esportiva, da crônica policial ou da crônica de celebridades. Aquilo que chamo de Crônica de Super-heróis se assemelha à crônica de celebridades, quando personagens são tratados como figuras públicas e tem seus fatos heroicos comentados e repercutidos por jornalistas, blogueiros e fãs.

Falta uma crônica para os heróis brasileiros

Quando fui pesquisar os super-heróis nacionais, uma coisa que me chamou atenção logo de cara foi a forma que os mesmos são apresentados, seja em textos, seja em vídeos de canais especializados. No geral fala-se o seguinte: Personagem tal, criado por fulano de tal em mil, novecentos e tanto, tem os poderes tais e teve tantas histórias publicadas no fanzine tal. Pronto, acabou a informação!

Mesmo o Doutrinador, que está prestes a ganhar filme, ainda aparece nas matérias como pouco mais que uma curiosidade. Onde estão aqueles debates cheios de especulações sobre o enredo do filme ou sobre quem vai interpretar os personagens na telona?

Como o leitor vai se interessar por esses personagens se toda pesquisa que é feita sobre eles traz o mesmo texto padrão com data de criação, criador e dois ou três poderes? Aí você vai ver vídeos e ler matérias sobre personagens estrangeiros e tem toda uma crônica sobre eles: "Super-Fulano participou da liga tal, namorou a Super-Sicrana e tiveram um filho que pode dobrar o universo no meio e tal. Mas a gente soube ontem, noticia quentinha postada no site estrangeiro tal, que no novo reboot da editora a origem mudou e o Super-Fulano na verdade namorou foi a Beltrana e o filho dos dois nasceu sem poderes, causando um retorno do multiverso à sua forma original". 

Percebe a diferença? Você vê isso e fica querendo saber que histórias foram essas, quem é a Beltrana (pois você só leu a história da Super-Sicrana), e nesssa hora você já está na maior expectativa sobre os próximos encadernados da Panini pra poder ler a parte nova da história. Falta isso para os heróis nacionais!

A ausência de uma crônica tem, claro, bastante a ver com o próximo C, que é Continuidade, mas acho que para além disso falta um interesse da parte dos críticos e jornalistas atuantes no meio, cujo foco está totalmente voltado para as gigantes norteamericanas. Nossos heróis costumam aparecer apenas como curiosidades, dentro de rankings ou em matérias do tipo "você sabia que no Brasil também tem heróis?" E tome ficha de personagem! São poucas as exceções.

A presença em alguns rankings é o mais próximo de uma crônica que nossos heróis conseguem. Essa matéria do  site Aficcionados tem algo de interssante, pois fala de heróis brasileiros em geral, juntando os nossos independentes com os das grandes editoras dos EUA

Vale observar que os próprios quadrinhistas também devem aprender a dar informação sobre seus personagens de forma a criar bases para uma crônica. Ao invés de dar a ficha do herói a cada vez que divulga algo, fala de uma curiosidade, ou cria um gancho na própria história que leve a um desdobramento interessante, capaz de suscitar comentários e criar expectativas sobre os próximos acontecimentos na vida daquele personagem ou daqueles personagens. 

Parcerias podem ser boas para todos

Eu acredito que um caminho seja estabelecer parcerias com os canais especializados que tenham abertura, pois, na minha visão, ao se criar uma crônica sobre os super-heróis brasileiros, todo mundo sairá ganhando. Quadrinhistas ganharão o aumento de seu público leitor e os canais ganharão mais audiência por parte desse público. Em último caso, se os canais já existentes não estiverem interessados, se pode pensar em criar algo novo, seja um novo canal, blog ou site onde se faça uma crônica dos nossos superpoderosos.

O Zine Brasil, de Michele Ramos, é um dos poucos sites que vão além do feijão com arroz quando se trata dos heróis nacionais

Eu pessoalmente estou procurando fazer um pouco de crônica na hora de divulgar os meus heróis e heroínas. E tanbém tenho buscado fazer isso nas vezes em que compartilho informações sobre quadrinhos de outros autores. Nesse caso, mesmo que não conheça os personagens, procuro me informar sobre o enredo da história e coloco um pequeno texto sobre ele. Se houver fatos anteriores eu os relaciono para dar ideia de continuidade e assim provocar curiosidade no leitor. É a minha humilde contribuição. :)

E o post ficou longo mesmo falando só de um C. Tentarei ser breve nos próximos, que postarei aqui em breve.

Elinaudo Barbosa

Passado, presente e futuro em HQs nacionais

Hoje vou falar dos quadrinhos dos outros. São dois projetos interessantes de autores brasileiros que estão na plataforma Catarse em busca de recursos para viabilizar suas publicações: "Alfa - A Primeira Ordem", que reúne super-heróis brasileiros de várias gerações; e "Lorenna", uma história pós-apocalíptica ao estilo Mad Max.

Bem... vamos pela ordem

"Alfa - A Primeira Ordem" é continuação — uma coisa ainda pouco comum nas HQs de heróis brasileiros — de "Protocolo: A Ordem", publicada em 2016, também financiada através do Catarse. Protocolo foi o primeiro grande crossover entre super-heróis brasileiros, numa história que envolveu os principais heróis e heroínas que atuam no país desde a década de 70. Diante da ameaça de uma invasão alienígena, heróis como Capitão R.E.D.Lagarto NegroJaguaraJou Ventania e Velta se reuniram para proteger nosso querido planetinha azul. Eles combateram, venceram, mas quando tudo parecia bem descobriu-se que as coisas não sairam exatamente como se tinha pensado. O vilão Aéris, um antigo inimigo de heróis da Era de Ouro como Capitão 7Capitão GralhaFlamaRaio Negro e Homem-Lua, ameaça ressurgir em nossos dias. Para combatê-lo será necessário reunir os antigos heróis com a equipe atual, formando a liga ALFA - A Primeira Ordem.

Uma coisa interessante dessa revista é que ela irá resgatar a memória de super-heróis clássicos que estão sumidos do mercado há vários anos, como Capitão 7 (o primeiro super-herói brasileiro, criado em 1954) e Raio Negro, entre outros, e apresentá-los às novas gerações.

Os poderosos da Era de Ouro brasileira: Capitão Gralha em cima 
e logo abaixo Capitão 7, Raio Negro, Flama e Homem-Lua 

Alfa - A Primeira Ordem está em processo de captação de recursos via Catarse. A HQ será feita por nomes de peso: Gian Danton, autor de A Família Titã e Como Escrever Quadrinhos, entre outras obras, é o roteirista; Marcio Abreu, que trabalha com editoras como Dynamite Entertainment e Zenescope Entertainment, fará os desenhos; e Vinicius Townsend, que também já fez rabalhos para a Dynamite, cuidará das cores. Para apoiar a campanha e garantir seu exemplar, acesse: www.catarse.me/alfa

Enquanto presente e passado se encontram em Alfa, no futuro tem... Lorenna!

No ano de 2.307 a Terra não é mais como conhecemos. Houve uma guerra nuclear mundial e os que sobreviveram, além de carregarem em seus corpos as mutações causadas pela radiação, são governados por tiranos que se aproveitaram do caos para ascender ao poder. Na cidade de Megalópoles, uma garota chamada Lorenna, que adquiriu poderes com a radiação irá enfrentar o tirano local, o Três Dedos, e suas gangues para tirá-lo do comando da cidade e também para vingar sua família que foi vítima dele.
Existe uma esperança, e ela vem de moto

É essa a história que começa em "Lorenna #1 - Vingança Radioativa", atualmente em campanha na plataforma catarse, com previsão de lançamento para abril de 2017 no Festival Guia dos Quadrinhos de São Paulo. Lorenna é uma criação do Marcio Abreu, o mesmo que via desenhar Alfa, e do roteirista Julio C R Santos, que também traz grande experiência no mercado mundial de HQs. Para participar e garantir seu exemplar, acesse: www.catarse.me/lorennacomics
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

2017, o ano dos quadrinhos

Conforme escrevi aqui nos últimos dias de dezembro, meu foco este ano — e nos próximos! — é fazer histórias em quadrinhos do meu universo de super-heróis. Promessa de ano-novo que vem sendo cumprida com uma tranquilidade que nunca encontrei em outros planos de Réveillon. A primeira publicação do ano já saiu e estou trabalhando agora na segunda revista, que será lançada antes do Carnaval.

Dois gatos na foto, uma gata na tela B)

Uma nova revista para o meu universo de heróis

Lançada no finalzinho de janeiro, a revista digital Universo EB é o novo título do meu selo EB Comics. Ela vem substituir o primeiro título que lancei um ano e pouco atrás, a EB Comics. Como EB Comics é também o nome do selo, achei por bem criar um novo título para a revista que apresenta o meu universo, para assim evitar que tudo fique tão confuso quanto este parágrafo.

Capa e páginas de Universo EB #1, que lançei em janeiro
A edição número 1 traz uma republicação de Uma Gata no Telhado, primeira história da Gata Púrpura, minha heroína defensora dos animais. E traz também a estreia do Doutor do Tempo, personagem que será fundamental nas tramas que se seguirão no meu universo de super-heróis. A decisão de republicar a primeira história da Gata é para que UEB #1 fique como o marco inicial das publicações do universo, facilitando a compreensão de toda a cronologia EB.

Sim, o Universo EB tem uma cronologia!

E a revista Universo EB, além de ter um papel de apresentar meu universo, será fundamental para acompanhar e entender toda a cronologia dele.

Onde ler Universo EB #1

Se você é assinante do Social Comics, a Netflix dos quadrinhos, leia aqui: https://www.socialcomics.com.br/universo-eb/1

Se não, leia aqui:
PDF - https://goo.gl/1GxXtv
CBR - https://goo.gl/KYBMFw

Trabalhando agora nos próximos lançamentos

Agora estou trabalhando no segundo lançamento do ano, a revista solo da Gata Púrpura, que sai neste mês de fevereiro. A história vai começar a revelar quem é a pessoa por trás da máscara, mostrando suas dificuldades em conciliar a vida de super-heroína com sua vida de pessoa comum.

Gato por todo lado, igual na casa do desenhista =^..^=

Depois da revista da Gata lanço a segunda edição de Universo EB, que irá começar a contar a origem de uma nova personagem que eu ainda não vou dizer o nome. Algumas pistas sobre ela podem ser encontradas nas duas últimas páginas de Universo EB #1, mas isso é tudo o que posso revelar aqui por enquanto :)

Você pode acompanhar mais de perto as novidades do meu universo de super-heróis pelo blog da EB Comics e também seguindo pelas redes sociais:

Blog EB Comics
EB Comics nas redes sociais

Novidades postarei aqui e nas redes acima. Até qualquer hora.

Elinaudo Barbosa